Série da Netflix estrelada por Wagner Moura reestreia em 2 de setembro.
RIO – A chapa vai esquentar em Medellín, promete o primeiro capítulo da
segunda temporada de “Narcos”, a série da Netflix que dramatiza, em
ritmo de thriller policial, a ascensão e queda do traficante colombiano
Pablo Escobar (1949-1993). O cerco ao criminoso, que construiu uma rede
de tráfico de drogas com ramificações por todas as Américas (e até fora
delas) nos anos 1980, começa a se fechar. O destino do protagonista é
público e notório, mas ainda impressiona a forma como o programa
consegue manter o espectador ligado nos passos de mocinhos e bandidos
que nos ensinou a amar.
O uso de imagens e fotos de arquivo do sangrento reinado de Escobar
continuam a nos lembrar que nem tudo é ficção na história do homem que
matou centenas de inocentes e explodiu aviões e edifícios para manter o
seu império. O chefe do cartel de Medellín consegue escapar ileso à
retomada do presídio La Catedral, onde havia montado uma estrutura de
regalias, e prepara-se para se vingar de colaboradores — no crime e nas
esferas públicas — que possam ser uma ameaça à sua liberdade. Elimina
concorrentes e traidores a sangue frio, mas promete à mulher não se
afastar mais da família.
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É o caráter ambíguo do protagonista – traficante diante da lei, figura robinhoodianesca
aos olhos do público, pai de família amoroso — que faz de “Narcos” um
herdeiro direto dos seriados que celebram antiheróis, como Tony Soprano,
de “Família Soprano”, ou Walter White, de “Breaking bad”. Grande parte
dessa empatia pelo personagem deve ser creditada à equipe de roteiristas
e, principalmente, à performance de Wagner Moura. O formidável ator
está por trás do bigode de Escobar, capaz de meter uma bala na testa de
um desafeto com a mesma naturalidade com que afaga a cabeça do filho ou
se entrega aos carinhos da mulher, como há muito não se via.
As coisas também não andam muito boas para os lados das forças do
“bem”. Connie (Joanna Christie) não aguenta a pressão em Medellín e
volta para os Estados Unidos, deixando o marido, Steve (Boyd Holbrook), o
agente americano que narra a caça a Escobar, sem o apoio emocional para
enfrentar a tarefa. No auge da crise conjugal, ele tem seu momento de
Capitão Nascimento, ao espancar um executivo americano flagrado
cheirando cocaína no banheiro do aeroporto, justificando com a
estatística que seis pessoas morreram para garantir aquele prazer. O
ponto de vista da série é americano, mas seu alcance não tem barreiras.
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