Wagner Moura, um grande e versátil ator



Vendo Wagner Moura fazendo um arquivilão em "Paraíso tropical", o telespectador desavisado pode ter a impressão de que ele nasceu para o papel. É um daqueles raros exemplos de interpretação que têm uma naturalidade da qual só os poucos e bons são capazes. Mas Wagner não nasceu só para vilão. Nasceu para ator. É um vocacionado.

Como me disse João Falcão, que o lançou na TV Globo em "Sexo frágil", em 2003, ele é muito versátil, pode fazer Shakespeare, comédia e tragédia com o mesmo brilho. Em "Sexo frágil", por exemplo, interpretava dona Magali, empregada doméstica que assediava o patrão (Bruno Garcia). E este mesmo ator, que não parece subir um só degrau para ser Olavo, era uma dona Magali perfeita. Apesar daquele tom a mais que a comédia exige, havia ali um certo "à vontade" que fazia toda a diferença.

Na época da escalação de "A Lua me disse", Wagner fez teste para o papel do Gustavo, o protagonista. Mas antes de a decisão sair, pairava uma dúvida nos bastidores: seria ele bonitão o suficiente para o papel do galã? Miguel Falabella, encantado depois de ver o desempenho dele, me contou que poucas vezes tinha cruzado com um ator tão concentrado num ambiente como o da TV, em que a imagem parece sempre importar mais. Ele acreditava que Wagner seria o que quisesse em cena, simplesmente por ser um ator de verdade. E estava certo: foi ele o escolhido e o público feminino adorou o mocinho. E, logo depois, veio outro protagonista, Juscelino Kubitschek na minissérie "JK".

Em "Paraíso tropical", o vilão Olavo pode parecer uma moleza, porque é um personagem, digamos, monolítico, sem nenhum drive para alguma emoção mais diferente. Bastaria seguir o caminho óbvio das caras de mau e não teria erro. Mas aí é que está. O grande trunfo de Wagner é que ele tem talento e faz mais (ou menos, como queiram) que isso. O resto, como diz Miguel, é só imagem.


Fonte: O Globo Online

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