Wagner Moura: 'Manobra sorrateira da bancada ruralista'
Senado se prepara simplesmente para modificar o conceito de trabalho análogo à escravidão. Medida leva ator a enviar carta ao presidente da Casa, Renan Calheiros.
Senado se prepara simplesmente
para modificar o conceito de trabalho análogo à escravidão. Medida leva
ator a enviar carta ao presidente da Casa, Renan Calheiros
por Marcelo Auler
publicado
10/12/2015 13:59
ebc memória
Marcelo Auler Repórter – Até
parece jogo de carta marcada. Enquanto a Câmara dos Deputados distrai a
todos com os golpes baixos que seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
e sua trupe aprontam, o Senado se prepara simplesmente para modificar o
conceito de trabalho análogo à escravidão. Quase na surdina.
Esbarrou, porém, nos olhos atentos de três ativistas do combate deste
tipo de exploração, cada qual no seu campo: o padre e professor
universitário Ricardo Rezende; o jornalista Leonardo Sakamoto; e o ator
Wagner Moura.
Pela previsão, nesta quinta-feira, exatamente no dia em que
comemora-se os 67 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o
Senado prepara-se para, em uma manobra da bancada ruralista,
votar o projeto de lei que regulamenta a emenda constitucional 81/2014
(antiga PEC do Trabalho Escravo).
A lei, como lembra Sakamoto em seu blog – “Trabalho escravo: Congresso prepara mais um golpe contra trabalhadores”
– tem até aspecto interessante, como o confisco de propriedades em que
esse crime (trabalho análogo à escravidão) for encontrado.
A questão, porém, é outra. Ao mesmo tempo em que incorpora uma antiga
reivindicação dos movimentos em defesa dos trabalhadores – notadamente
no campo, aonde a prática do trabalho análogo à escravidão é mais
constante – ela, porém, “retira a parte que protege a dignidade do
trabalhador – o que vai facilitar a vida de empregadores flagrados com
essa forma de exploração do ser humano”, lembra Sakamoto.
Pelo artigo 149, são elementos que determinam trabalho análogo ao de
escravo: condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a
dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais o
que coloca em risco a saúde e a vida do trabalhador); jornada
exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou
sobrecarga de trabalho que acarreta a danos à sua saúde ou risco de
vida); trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes,
isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas); e
servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e
prendê-lo a ele).
O projeto quer retirar os dois primeiros elementos da caracterização
de trabalho escravo, as condições degradantes e a jornada exaustiva. Em
mensagem encaminhada ontem (9) ao presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), Wagner Moura, que também atua como Embaixador da Boa Vontade
junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), advertiu: “Trata-se
de uma manobra sorrateira da bancada ruralista”.
Fonte: Rede Brasil Atual
Admirável! Cada vez mais tenho apreço pelo Wagner. Parabéns!
ResponderExcluirAdmirável! Cada vez mais tenho apreço pelo Wagner. Parabéns!
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