Recordando - Sexo Frágil

A série abordava as incertezas e os conflitos masculinos e femininos, retratando com humor o comportamento do homem em relação a uma nova mulher, mais independente e moderna.

FORMATO

Autoria: Cláudio Paiva, Guel Arraes, João Falcão, Marcelo Rubens Paiva, Adriana Falcão, André Laurentino e Flávia Lacerda
Direção de núcleo: Guel Arraes
Direção-geral: João Falcão
Direção: João Falcão e Flávia Lacerda
Período de exibição: 17/10/2003 – 06/08/2004
Horário: 23h
Nº de episódios: 20



A ideia para o seriado Sexo Frágil surgiu da peça O Homem-Objeto, baseada na obra de Luis Fernando Veríssimo e dirigida por João Falcão. A peça também inspirou um quadro, com o mesmo nome, exibido no Fantástico entre 6 e 27 de abril de 2003.

O programa substituiu o seriado Os Normais nas noites de sexta-feira. O seriado descreve o dilema de quatro jovens que vivem divididos entre o papel tradicional do homem na sociedade e sua vontade de ser mais sensível, flexível e gostar de discutir a relação. Os episódios tinham em média 25 minutos de duração.

A grande novidade do seriado é que os atores interpretam não só os protagonistas masculinos, como todas as personagens femininas. Segundo o autor João Falcão, a ideia era mostrar a versão masculina dos fatos, como se eles estivessem tendo uma alucinação.

A segunda temporada de Sexo Frágil estreou em 4 de junho de 2004 com novos personagens. Os episódios ganharam uma sequência, com as histórias se complementando a cada programa. Com isso, segundo o diretor João Falcão, os personagens se humanizaram mais. Os cenários também foram modificados.

Alex (Bruno Garcia), Edu (Wagner Moura), Fred (Lázaro Ramos) e Beto (Lúcio Mauro Filho) são quatro amigos que se esforçam para entender o universo das mulheres. Os personagens discutem questões femininas fundamentais e, para isso, decidem se colocar no lugar do sexo oposto. Aparentemente, os quatro são muito seguros. Mas, por vezes, não sabem se comportar com as mulheres, que julgam ser mais preparadas para o mundo do que eles. Invariavelmente, sentem-se perdidos diante de mulheres livres, independentes e que, ao mesmo tempo, querem ser protegidas.

Edu é o mais bagunceiro do grupo. Desleixado, vive num conjugado que nunca consegue arrumar. Gosta de viajar pelo mundo e tem o sonho de ser dono de um bar. Alex é bem sucedido, despojado e sabe se virar bem sozinho. Faz o tipo largadão chique e é muito mulherengo. Já Fred é o mais organizado da turma. Jornalista, gosta de discutir sobre política e vai até o fim para sustentar sua opinião. É um pouco ansioso e, por isso, meio desastrado com as mulheres. Beto é o único do quarteto que é casado e, por isso, está mais suscetível às crises da mulher Vilminha (interpretada por Bruno Garcia), única personagem feminina fixa da série.


No episódio de estreia, Já Não Somos os Mesmos, exibido em 17 de outubro de 2003, Fred descobre que sua noiva cancelou o casamento e resolveu virar freira. Decepcionado, decide se suicidar, mas antes liga para os amigos, que largam tudo o que estão fazendo para socorrê-lo. Entretanto, eles não são bem sucedidos na tarefa de consolar o amigo que foi abandonado praticamente na beira do altar: ele mora no 28º andar do prédio e justamente naquela noite faltou luz.

Em cada história, os amigos são surpreendidos em uma série de situações, que envolvem tentativas de conquistar uma mulher, dúvidas sobre a existência do par perfeito, ciúmes, busca da eterna juventude, entre muitos outros temas. No episódio Almas Gêmeas, exibido em 31 de outubro, Edu e Fred acham que encontraram suas caras-metades, respectivamente Eva (Wagner Moura) e Frida (Lázaro Ramos). Já Beto e Alex praticamente se envolvem em um triângulo amoroso, quando o primeiro decide se separar da mulher, Vilminha, que, acreditando não ser mais comprometida, assedia Alex.

Em A Fonte da Juventude, exibido em 5 de dezembro, Fred, Alex, Edu e Beto resolvem mudar radicalmente seu estilo de vida depois de conhecerem Paulão (Vladimir Brichta), um professor de ginástica muito preocupado com a saúde. Os amigos ficam impressionados ao saber que Paulão tem mais de 50 anos e leva uma vida muito saudável, bem diferente da que estão acostumados. O problema é que, para seguir o exemplo do professor, os quatro devem parar de fumar, beber e comer besteiras, além de evitar sair com mulheres todos os dias, porque isso pode acelerar o processo de envelhecimento.

A segunda temporada de Sexo Frágil estreou com novos personagens femininos fixos. Além de Vilminha, papel de Bruno Garcia, mais três mulheres foram incorporadas ao grupo: Priscila (Lázaro Ramos), irmã de Fred; a baiana Magali (Wagner Moura); e Dona Gertrudes (Lúcio Mauro Filho), mãe de Beto, que já aparecera em alguns episódios do ano anterior.

Os cenários também foram modificados, já que Fred perdeu o emprego e foi morar com Alex, que, por sua vez, teve que alojar o amigo Edu, que largou o emprego para se tornar um “artista multimídia”. Desta forma, os três amigos passaram a dividir o mesmo apartamento. A bagunça foi tanta que Alex se cansou e expulsou Fred e Edu de casa. Para não ficarem na rua, os dois resolveram dividir um conjugado. Já Beto continuou casado com Vilminha, morando no mesmo apartamento.

Na nova temporada, Priscila, a irmã moderninha de Fred – personagem que Lázaro Ramos já havia interpretado no teatro, e que foi adaptada para a televisão –, pede para morar com o irmão porque quer tentar a carreira de modelo no Rio de Janeiro. A estudante baiana Magali aparece na casa de Alex com um anúncio de “Procura-se empregada doméstica” nas mãos. Dona Gertrudes resolve passar uma temporada na casa de seu filho e de Vilminha. É a partir daí que as histórias, os conflitos, os encontros e desencontros começam a se desenrolar. Muitas reviravoltas animam o seriado: Vilminha, por exemplo, engravida de Beto; e Edu vira uma celebridade, com várias meninas sempre ao seu redor.

Os personagens chegam ao último episódio do ano, intitulado Último Capítulo, em clima de final feliz. Edu e Priscila, após muitos desencontros, resolvem se casar, e são obrigados a enfrentar a desaprovação de Fred e de seus pais - ambos interpretados pelo cantor Derrick Green, do grupo Sepultura. Alex se declara perdidamente apaixonado por Magali, quando ela ameaça voltar para Salvador após tentar conquistá-lo de todas as formas, sem êxito. Beto, mesmo com medo, perde a insegurança e consegue fazer o parto de Vilminha. Ela se surpreende com a força do marido, e os dois comemoram o nascimento do bebê. Dona Gertrudes, finalmente, pergunta ao porteiro Carniça (Zéu Brito) se ele aceita ser o avô de seu neto, e ele aceita. Fred tem um final feliz ao lado de Heloísa (também interpretada por Zéu Brito), mesmo sabendo que ela é garota de programa.

A experiência vivida pela equipe em Sexo Frágil gerou outro programa, exibido como especial de fim de ano em 28 de dezembro de 2004. Em Programa Novo, que também teve redação final de Guel Arraes e João Falcão, com direção deles e de Flávia Lacerda, os quatro atores, que interpretavam a si próprios, tinham o desafio de criar um programa inédito para uma emissora de televisão. Eles tentavam se livrar de um bloqueio criativo, prometendo ficar longe das baixarias, apelações, violência e de “homem vestido de mulher”. Mas as tentativas de fugir das mulheres de Sexo Frágil foram em vão: Priscila, Vilma, Magali e Dona Gertrudes voltaram com tudo.

O especial também contou com as participações de Lúcio Mauro, como diretor da emissora, e Alinne Moraes, no papel de uma secretária, musa inspiradora do quarteto da ficção.




 *Episódios

Primeira temporada

Já Não Somos os Mesmos (17/10/03); 
O Dia da Caça (24/10/03);  
Almas Gêmeas (31/10/03); 
Vapor Barato (07/11/03); 
Hoje é Dia de Jogo (14/11/03); 
Minha Vida Não é um Sitcom (21/11/03); 
Uma Deusa Chamada Soraya (28/11/03); 
A Fonte da Juventude (05/12/03); 
Para que Serve o Homem? (12/12/03); 
Décimo Episódio (19/12/03).

Segunda temporada

Um Programa Pequeno Demais para Todos Nós (04/06/04); 
Encontros e Desencontros (11/06/04); 
Pai Herói (18/06/04), 
A Grande Chance (25/06/04); 
Tudo ou Nada (02/07/04); 
Como Dar o Fora (09/07/04); 
Nasce uma Estrela (16/07/04); 
O Ciúme (23/07/04); 
As Mulheres que Dão pra Gente (30/07/04); 
Último Capítulo (06/08/04).


CENOGRAFIA E ARTE

Para montar os cenários dos apartamentos de Sexo Frágil, a equipe de cenografia, coordenada por Cláudio Domingos, foi à casa de alguns homens solteiros, inclusive do elenco, para buscar soluções masculinas para pequenos problemas do dia a dia, como esconder com um quadro o buraco do ar condicionado. Já que os personagens são jovens que moram em espaços pequenos, foi preciso usar a criatividade para organizar os objetos de acordo com a personalidade de cada um.

O conjugado de Edu (Wagner Moura), por exemplo, precisava abrigar sua bicicleta e seus pertences de viagem. Já Fred (Lázaro Ramos) tem muitos livros e seu apartamento é repleto de estantes e prateleiras. Alex (Bruno Garcia) é o mais despojado de todos, o que fez com que a equipe de produção optasse por uma cama diretamente no chão. E Beto (Lucio Mauro Filho), único casado da turma, mora numa casa com toques femininos e um ar romântico, com vasos de plantas, fotos do casal e badulaques. A arquitetura japonesa, que desafia a falta de espaço em pequenos conjugados em Tóquio, foi uma das inspirações da equipe. O toque final dos cenários ficou por conta do produtor de arte Luiz Pereira – que também assinou as novelas Sabor da Paixão, Coração de Estudante e Estrela Guia.

FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO

Para montar a composição visual das personagens femininas, a supervisora de caracterização Lu Moraes fez uma pesquisa de comportamento, entrevistou transformistas e se inspirou em filmes como Tootsie, em que Dustin Hoffman aparece vestido de mulher. Foram utilizadas perucas de vários estilos, confeccionadas sob medida para a cabeça de cada ator, cores fortes de batons e a técnica do lifting para esticar a pele dos atores, o que deixa as sobrancelhas mais arqueadas e modifica a expressão do rosto.

Em dias de gravação, os atores passavam horas se preparando. A equipe formada por maquiadores, esteticistas, cabeleireiros e manicures os ajudava a fazer depilação, tirar o excesso de pelos nas sobrancelhas com pinça – o mais doloroso dos processos, de acordo com os atores -, remover as cutículas das mãos, pintar as unhas dos pés, aplicar uma boa camada de maquiagem e cílios postiços e modelar as perucas com escova e penteados cada dia mais diferentes.

A figurinista Cláudia Kopke procurou compor mulheres modernas, com uma caracterização bem natural. Já no caso dos personagens masculinos, houve a preocupação em ressaltar em cada um a marca de sua personalidade. Alex (Bruno Garcia) estava sempre bem vestido e arrumado; Beto (Lucio Mauro Filho) usava óculos e gostava de sobreposições – camisas com camisetas por baixo; Edu (Wagner Moura) ganhou uma peruca com dread para valorizar seu estilo moderno e relaxado; e Fred (Lázaro Ramos), o intelectual do grupo, se vestia de forma elegante e sofisticada.

CURIOSIDADES

Na gravação do primeiro episódio de Sexo Frágil, Wagner Moura e Bruno Garcia esbanjaram fôlego para subir e descer os dois únicos lances de escada construídos no Projac para reproduzir os 28 andares do prédio em que morava Fred (Lázaro Ramos). A cada frase do texto que diziam, o número ao lado da porta do elevador do cenário era trocado para indicar a mudança de andar. Na ânsia de dar mais agilidade à cena, Wagner acabou batendo com a lanterna nas pernas de Bruno. Depois, escorregou e levou um tombo – protagonizando a primeira “videocassetada” do programa.


No primeiro episódio da primeira temporada, Já Não Somos os Mesmos, o ator Thiago Fragoso fez uma participação especial como um argentino que dança tango com uma mulher interpretada por Wagner Moura. Já no episódio Uma Deusa Chamada Soraya, exibido em novembro de 2003, Thiago Fragoso interpretou a personagem do título, uma mulher bonita e misteriosa que seduz os quatro amigos.

Além de Thiago Fragoso, os atores Zéu Brito, Dado Dolabella, Vladimir Brichta, Aramis Trindade, Edmilson Barros e Caio Junqueira também fizeram participações no seriado. Dado Dolabella interpretou Gerônimo, um famoso jogador de futebol, no episódio Hoje é Dia de Jogo, levado ao ar em 14 de novembro de 2003. Aramis Trindade interpretou o cantor Roberto Carlos no Décimo Episódio, exibido em 19 de dezembro de 2003, o último da primeira temporada.
Em 2004, o canal GNT levou Sexo Frágil para os telespectadores de Portugal.

Em setembro de 2004, os dez episódios da primeira temporada foram lançados pela Globo Vídeo e pela Som Livre em DVD duplo.


TRILHA SONORA

O tema de abertura do seriado era a música Gosto Que Me Enrosco, um samba de Sinhô e Heitor dos Prazeres, de 1929, que dizia: “Não se deve amar sem ser amado/ é melhor ser crucificado/ Deus me livre das mulheres de hoje em dia/ Gosto que me enrosco de ouvir dizer/ que a parte mais fraca é a mulher/ mas o homem, com toda a fortaleza/ desce da nobreza e faz o que ela quer”.

FICHA TÉCNICA

Elenco fixo:
Bruno Garcia – Alex e Vilminha
Lázaro Ramos – Fred e Priscila
Lúcio Mauro Filho – Beto e Dona Gertrudes
Wagner Moura – Edu e Magali
Elenco de apoio:
Álvaro Bernarde
André Artech
Arley Veloso
Damião Vieira
Fernando Vianna
George Martins 
Ricco Viana
Rodrigo Fagundes
Wendell Bendelack
Cenografia: Marie Odile
Figurino: Helena Araújo
Direção de fotografia: Nonato Estrela
Produção de arte: José Artur Camacho
Produção musical: André Moraes
Direção musical: Mariozinho Rocha
Caracterização: Lu de Moraes
Edição: Ubiraci Mota
Sonoplastia: Henrique Abreu
Efeitos visuais: Chico Mauro
Efeitos especiais: Marco de Paula
Câmeras: Maurício Azevedo e Paulo Violeta
Continuidade: Helena Duran
Assistente de direção: Alex Cabral
Produção de engenharia: Marcelo Fernandes
Gerência de produção: Verônica Esteves
Direção de produção: Guilherme Bokel 

Veja alguns vídeos da série:



Existe um Dvd da primeira temporada, mas é bem difícil de conseguir comprar, tem alguns no Mercado Livre (clique aqui)
Fonte: Memória Globo

Por: Paula Andréia

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