Wagner Moura prevê reação moral ao seu personagem gay em novo filme
Wagner Moura, 37, usa a expressão "forças conservadoras" em dois momentos de uma longa entrevista dada à Folha, em São Paulo.
Primeiro, quando fala de possíveis reações negativas ao filme que lança
no dia 15, "Praia do Futuro", dirigido por Karim Aïnouz, no qual
interpreta um homossexual que troca o Ceará por Berlim.
Depois, ao comentar o cenário político. Wagner diz não saber em quem
votar no segundo semestre e estranha a morte do coronel Paulo Malhães
semanas após depor na Comissão da Verdade.
"Um cara diz publicamente que matou, torturou, fez o diabo e, no mês
seguinte, morre? É queima de arquivo, mostra como as forças
conservadoras são atuantes."
Para ele, "o Brasil é um país muito conservador". Chama de "falaciosa" a
ideia de um país liberal. "Não tenho dúvida de que vai haver uma reação
moral a 'Praia do Futuro', pelo fato de eu ser um ator popular e
conhecido por um personagem como o Capitão Nascimento."
Desde "Tropa de Elite", em 2007, o ator diz que, a cada filme que faz,
jornalistas perguntam como seu novo personagem se relaciona com a figura
do Capitão Nascimento.
"Sempre tem aquele que pergunta se eu fiz o filme para apagar a imagem
do Capitão Nascimento. Agora, então, vão dizer que fiz um veado para
matar de vez o Capitão."
Wagner Moura se prepara para dirigir seu primeiro filme, a biografia do
guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969). Aí, cinema e política se
fundem em alvo potencial de reações negativas. Segundo ele, já o
criticaram dizendo que ele vai dirigir "um filme sobre um assassino".
Enquanto trabalha com Felipe Braga no roteiro, engata um papel no outro.
Vai personificar o traficante colombiano Pablo Escobar (1949-1993) na
série do Netflix "Narcos", com direção de José Padilha ("Tropa de
Elite"), e cogita um monte de projetos: da chance de interpretar o jovem
Federico Fellini (1920-1993) à de viver um dos atores que encarnou o
palhaço Bozo.
Por Thales de Menezes Editor-Assistente da "Ilustrada"
Fonte: Folha de São Paulo
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