TIRADENTES 2011: Vips traz Wagner Moura na pele de mentiroso
Grande vencedor do Festival do Rio com quatro prêmios, Vips, filme sobre o homem que fingiu ser o filho de uma grande companhia de aviação, aportou na Mostra de Tiradentes na última sessão do domingo (23/1).
Pelos aplausos, o público gostou de ver Wagner Moura interpretando um estudante introspectivo, um piloto de aviação destemido, um riquinho num camarote do Festival de Recife e até mesmo chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) de São Paulo. Tudo no mesmo personagem, Marcelo Rocha.
Existe um detalhe sério da construção humana que Vips decide apenas arranhar: a identidade e a representação. Marcelo Rocha levou o que há de dinâmico e transitória na identidade do “eu” ao limite. Ele só se satisfazia e se reconhecia quando era outro, chegando a um nível patológico da identificação com o outro. O personagem do filme, inspirado numa história real que também virou documentário, não apenas imitava: ele era o outro.
Isso também esbarra com a essência do trabalho do ator que, ao viver um personagem, se deixa embeber de elementos de uma pessoa ficcional. Por algumas semanas de preparação e filmagens, ele “é” o outro, ou seja, seu personagem. No filme, Wagner Moura é um ator que interpreta outro ator, Marcelo.
Porém, essas são questões enterradas embaixo de Vips. Não se trata de um filme freudiano – apesar de ter os traços psicanalíticos do personagem –, mas de uma aventura de gato e rato. Marcelo faz suas estripulias se passando por outras pessoas e sempre é caçado, por uma razão ou outra. Até chegar no seu maior golpe: passar-se pelo herdeiro de uma das maiores companhias aéreas brasileiras.
O roteiro de Bráulio Mantovani e Thiago Dottori privilegia a estrutura de caça e caçador num estilo Prenda-me Se For Capaz, tendo como aliado para o ritmo do filme a montagem de Gustavo Giani (Linha de Passe). As situações e extravagâncias de Marcelo Rocha são amarradas por ganchos que tentam dar coerência à história. Difícil apontar outra maneira dentro de um filme de aventura, mas cansa a repetição das “desculpas” de roteiro a ligar as situações e a necessidade de reiterar que o estelionatário faz o que faz pela ausência/imitação do pai. Um filme de significado fechado, que abre poucas brechas para o depois da sessão.
Estreante na direção de um longa-metragem, Toniko Melo consegue realizar bons planos (especialmente os travellings descritivos), mas dirige os atores com um exagero desmedido. Coadjuvantes como o primeiro homem (Juliano Cazarré) a dar oportunidade a Marcelo como piloto ou o ator que interpreta um atravessador são puro exagero, bandidos canastrões. A exceção é Jorge D'Elia, o chefe do esquema. Exagero também é a marca da trilha sonora que pontua situações sem necessidade, que já estavam suficientemente claras.
Vips é uma aventura com as portas abertas para o grande público. Filme com potencial de bilheterias, produção cujo resultado tem bons e maus momentos.
Fonte: CineClick
Oooi, sou super fã do Wagner Moura, estou seguindo aqui, me segue?
ResponderExcluirpeguei o banner, aceita parceria?
da uma passada lá
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