Tropa de Elite 2
O Yahoo! Brasil participou da primeira exibição pública do filme, na noite de terça-feira (5), em Paulínia, no interior de São Paulo. Quem esperava uma nova enxurrada de bordões como “pede pra sair” saiu de mãos abanando. Sim, há alguns, mas não como no primeiro. Também não são mostradas novas técnicas de tortura – no máximo, uma reprise do saco na cabeça. Mas mesmo com menos ação e mais discussão, o longa ainda tem tiros, sangue, ‘caveirão’ e até Bope de verdade.
Apesar desta sequência não ser uma reprise melhorada, o público não vai se decepcionar ao rever novamente o Capitão Nascimento (Wagner Moura), que volta como uma espécie de justiceiro de todos nós. Em “Tropa 2”, ninguém sai ileso de um embate com ele, nem mesmo um deputado corrupto, que ao receber do protagonista uns bons socos na cara levou a plateia em Paulínia a um estado de catarse, que deve se repetir pelos cinemas de todo o país.
Como diz o subtítulo, o inimigo agora é outro. O diretor José Padilha ampliou a história antes focada no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) para o tema da segurança pública em geral. Fala da situação carcerária do país, dos direitos humanos, da politicagem em época de eleições e, por último, até do Congresso no Brasil.
Passados cerca de dez anos desde a trama do filme anterior, Nascimento trabalha na inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, mas enfrenta dificuldades vindas de todos os lados para combater a violência na Cidade Maravilhosa. A começar pelo surgimento das milícias formadas por policiais militares em algumas favelas cariocas, que expulsam os traficantes e passam a intimidar a população em nome de uma falsa proteção.
No campo pessoal, o tenente-coronel é um homem divorciado, que perdeu a mulher Rosane (Maria Ribeiro) para o deputado estadual Fraga (Irandhir Santos), um defensor dos direitos humanos que vai contra tudo que Nascimento acredita. Seu filho adolescente (Pedro Van-Held) pende mais para a figura do padrasto “humanista” ao invés do pai “assassino”.
Na polícia, o protagonista perdeu a lealdade de Mathias (André Ramiro), que foi afastado do Bope por uma decisão precipitada ao tentar controlar uma rebelião em um presídio (motim esse comandado pelo cantor Seu Jorge em uma participação especial). Rebaixado, o amigo é obrigado a retornar a um batalhão corrupto da PM, onde reencontra o comandante Fábio (Milhem Cortaz), que continua se mantendo às custas de propina - e também é responsável por alguns dos bordões mais engraçados que podem sair do novo longa, como “Quer me f... me beija!”.
Porém, os principais inimigos do herói são mesmo os políticos, mostrados em vários formatos. O que mais se destaca é o deputado Fortunato (André Mattos), apresentador de um programa de TV policial como muitos que existem atualmente. Para se manter no poder, ele e seus comparsas, que incluem um governador fictício do Rio, são capazes até mesmo de se aliar às violentas milícias, comandadas pelo policial Russo (Sandro Rocha).
Em sua história de quase duas horas, o filme vai desmembrando toda uma rede de corrupção que vai do escalão mais baixo até o mais alto possível. A trama é muito mais complexa, assim como a mão de Padilha na direção está bem mais firme. Já Wagner Moura está mais afinado do que nunca com seu personagem. Envelhecido, seu Nascimento traz uma expressividade dramática de esfriar a espinha.
O longa até mesmo responde às críticas feitas ao primeiro ‘Tropa’ sobre sua suposta mensagem fascista. Aliás, quem achou isso antes, não vai mudar de opinião, já que aqui Nascimento reafirma tudo o que havia pregado. Mas bem, isso merece uma discussão mais ampla depois.
Fascista ou não, a produção com certeza vai agradar em cheio uma grande parcela da população brasileira, incluindo ricos e pobres, cansados da violência e da corrupção que assolam o pais. Para esse público, “Tropa de Elite 2” funcionará como uma espécie de grito de desabafo coletivo.
Fonte: Yahoo
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