Em 'Tropa de Elite 2', ninguém é inocente
Na mesma semana em que o deputado federal mais votado do Brasil é eleito dizendo que "pior do que está não fica", o agora Coronel Nascimento (Wagner Moura) discorda afirmando que "nada é tão ruim que não possa piorar". E em Tropa de Elite 2, os deputados são parte de um sistema em que não há como escapar. E nele, ninguém é inocente.
Mais do que um simples filme de ação, a continuação de um dos maiores fenômenos recentes do cinema nacional abre o leque e atira para todos os lados. E a mira do diretor José Padilha é tão precisa que qualquer um torna-se alvo fácil. Porém, coincidentemente ou não, o filme só chega aos cinemas depois das eleições, evitando seu maior confronto.
Padilha, que já batia com destreza desde os tempos do documentário Ônibus 174, apresenta um amadurecimento. Ao contrário de seu atual protagonista, o cineasta sabe bem o seu foco e faz um roteiro mais apurado. Mesmo que em um universo mais amplo, o diretor traz uma obra ainda mais contundente e rica.
Anos depois do primeiro filme, e já com o filho crescido, Nascimento percebe que sua luta não surte efeito. Após ser afastado do Batalhão de Operações da Polícia Especial, o BOPE, o Coronel ganha do governador um cargo de importância dentro do serviço de informação da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Se a vida profissional parece mais tranquila, a pessoal não. Rosana (Maria Ribeiro), sua ex-mulher, está agora casada com um de seus maiores adversários, o Deputado Fraga (Irandhir Santos), um intelectual de esquerda que luta por tudo o que Nascimento mais despreza: os Direitos Humanos dos criminosos. Para piorar, Fraga tem como um de seus aliados Rafael, o filho do Coronel.
Enquanto no primeiro filme o herói lutava contra o tráfico, agora ele percebe que este inimigo já não é mais uma ameaça. É a própria polícia do Rio de Janeiro, sob o comando do alto escalão da política nacional quem ameaça o bem estar da população sob a forma das milícias. E mesmo que ameace o povo, estas milícias conseguem o apoio popular, o que dificulta ainda mais o combate.
Se no primeiro filme, Padilha foi acusado de fascista, agora não será diferente. O Deputado Fraga, que tanto incomoda Nascimento, é justamente a voz daqueles que o acusaram, e nem ele se salva. Em sua luta pelos direitos dos criminosos, o personagem comete erros, e também vence batalhas em causa própria.
Assim como em Tropa de Elite, boa parte do público sai do segundo filme com a certeza de que uma arma na mão pode ser a solução para qualquer problema. Mas se Nascimento não tivesse agido como antes, seus problemas de hoje não existiriam. Ele também é culpado. Assim como é aquele que vota com a certeza de que nada mais pode piorar.
Fonte: Terra
Mais do que um simples filme de ação, a continuação de um dos maiores fenômenos recentes do cinema nacional abre o leque e atira para todos os lados. E a mira do diretor José Padilha é tão precisa que qualquer um torna-se alvo fácil. Porém, coincidentemente ou não, o filme só chega aos cinemas depois das eleições, evitando seu maior confronto.
Padilha, que já batia com destreza desde os tempos do documentário Ônibus 174, apresenta um amadurecimento. Ao contrário de seu atual protagonista, o cineasta sabe bem o seu foco e faz um roteiro mais apurado. Mesmo que em um universo mais amplo, o diretor traz uma obra ainda mais contundente e rica.
Anos depois do primeiro filme, e já com o filho crescido, Nascimento percebe que sua luta não surte efeito. Após ser afastado do Batalhão de Operações da Polícia Especial, o BOPE, o Coronel ganha do governador um cargo de importância dentro do serviço de informação da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Se a vida profissional parece mais tranquila, a pessoal não. Rosana (Maria Ribeiro), sua ex-mulher, está agora casada com um de seus maiores adversários, o Deputado Fraga (Irandhir Santos), um intelectual de esquerda que luta por tudo o que Nascimento mais despreza: os Direitos Humanos dos criminosos. Para piorar, Fraga tem como um de seus aliados Rafael, o filho do Coronel.
Enquanto no primeiro filme o herói lutava contra o tráfico, agora ele percebe que este inimigo já não é mais uma ameaça. É a própria polícia do Rio de Janeiro, sob o comando do alto escalão da política nacional quem ameaça o bem estar da população sob a forma das milícias. E mesmo que ameace o povo, estas milícias conseguem o apoio popular, o que dificulta ainda mais o combate.
Se no primeiro filme, Padilha foi acusado de fascista, agora não será diferente. O Deputado Fraga, que tanto incomoda Nascimento, é justamente a voz daqueles que o acusaram, e nem ele se salva. Em sua luta pelos direitos dos criminosos, o personagem comete erros, e também vence batalhas em causa própria.
Assim como em Tropa de Elite, boa parte do público sai do segundo filme com a certeza de que uma arma na mão pode ser a solução para qualquer problema. Mas se Nascimento não tivesse agido como antes, seus problemas de hoje não existiriam. Ele também é culpado. Assim como é aquele que vota com a certeza de que nada mais pode piorar.
Fonte: Terra
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