'Mataram a irmã Dorothy'' causa indignação na Mostra de Cinema de SP
O documentário narrado pelo ator Wagner Moura mostra o assassinato da freira
Em 12 de fevereiro de 2005 o mundo ficou indignado com a maneira que a freira americana naturalizada brasileira Dorothy Stang foi assassinada no Pará. Quinta-feira passada foi a vez de cerca de 200 espectadores ficarem indignados quando assistiram o documentário idealizado por um jovem cineasta americano Daniel Junge. Foram captadas mais de 400h de filmagens reduzidas em 94 minutos de projeção.
Das imagens da "calma" selva amazônica à cena do crime, O corpo de Ir Dorothy estendido no chão alvejado por 6 tiros. Os criminosos logo são presos e seus mandantes revelados, daí fica visível os imbróglios da justiça brasileira: a quem condenar?
A narração suave do ator Wagner Moura envolve levando o espectador ficar atento a cada desfecho desta história mal resolvida até hoje e o caso vai desfiando na tela com cenas reais vividas pelos personagens que de tão autênticos causam repulsa quando afirmam olhando para a câmera que a missionária era representante do "demônio", dentre outras defesas que os levam ao ridículo.
Os contrapontos de trabalhadores que não concordavam com a implantação do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) que visava assentar famílias em áreas estabelecidas pelo Governo Federal e conciliar a produção familiar com a utilização sustentável da floresta, mostram cenas absurdas mas reais. As desavenças da missionária com os latifundiários foram muitas, pois os "poderosos" consideravam-se donos das terras onde o projeto se instalara, também são mostradas na película.
Imagens contrapostas foram cuidadosamente editadas numa seqüência lógica, mérito do diretor cuidadoso que solidarizou-se não só com os seus conterrâneos envolvidos na tragédia, como com os camponeses seguidores do legado de Dorothy.
Após a exibição do longa deu-se início a um debate: "Essa luta é muito maior. Não é só do Pará, é de todos vocês. É do Brasil. Espero que esse filme gere indignação e, mais que isso, que vocês digam: 'Basta! Isso não pode mais acontecer no Brasil'. Que as pessoas se questionem do que podem fazer para ajudar", proclamou a freira, Ir Rebecca amiga mais próxima de Ir Stang.
O senador Eduardo Suplicy comentou:"Esse filme é altamente revelador. Considero fundamental que os representantes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça assistam-no. Que eles vejam como agem esses advogados".
Hoje às 18h haverá a ultima exibição do documentário no complexo Artplex do Shopping Frei Caneca com a presença do diretor.
Fonte: Elói Barboza
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