Hamlet com jeito moderno



O papel de Hamlet carrega uma tradição de 400 anos. É um dos “himalaias” quase intransponíveis do teatro. Daí a expectativa em torno do ator Wagner Moura, que está interpretando Hamlet no teatro Faap em São Paulo, em montagem do diretor Aderbal Freire-Filho. Wagner ganhou fama como o Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite. O público queria vê-lo testado em palco. Na estréia, a audiência aprovou o ator com aplausos e a garantia de um mês de lotação no teatro Faap.

Para obter tanto sucesso, Wagner e Aderbal evitaram a austeridade em geral aplicada ao personagem. Ao contrário, o príncipe da Dinamarca reencarna agitado, coloquial e brasileiro. Conta piadas e enche a peça de “cacos” grotescos. E esvazia as falas que viraram marca do drama de Shakespeare, como “ser ou não ser, eis a questão”, ou “o resto é silêncio”. A idéia da montagem é converter o herói em símbolo do teatro. A fala mais valorizada é aquela de Hamlet no ensaio da peça que vai desmascarar o tio usurpador. Ele diz: “Ajuste a ação à palavra, a palavra à ação. Essa é a regra mais importante, com ela nunca vão perder a medida do que é natural”. O herói renovado é possível dentro das infinitas leituras sugeridas pela peça. Wagner Moura soma palavra e ação. E faz Hamlet soar atual.

Fonte: Época
Texto editado por Andressa Santos

Comentários

Postagens mais visitadas