Em seu filme mais sério, Guel Arraes enaltece o teatro pela história de um amor contemporâneo
Do violão ecoam os acordes do prelúdio da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner. Na tela, um diretor de teatro ensaia com sua atriz a montagem daquela que é a matriz das narrativas do amor romântico. Tristão e Isolda vivem a tragédia enquanto desabrocham os sentimentos entre seus intérpretes, Ana e Pedro. Romance tem um começo lírico e intenso, que soa autêntico porque Wagner Moura e Letícia Sabatella estão entregues aos personagens. Moura surge sensível, contido. Não há resquício do capitão Nascimento de Tropa de Elite (2007). A paixão de Ana e Pedro sofre o primeiro baque quando ela fecha contrato com uma grande rede de televisão e vira estrela de novela no Rio de Janeiro. Ele continua a fazer teatro alternativo em São Paulo. O romance não sobrevive. Vão se reencontrar anos depois, quando Pedro é convidado para dirigir um especial de tevê estrelado por Ana. A trama: uma adaptação de Tristão e Isolda no sertão. As presenças do chefão da emissora feito por um inspirado José Wilker, da produtora inescrupulosa interpretada por Andréa Beltrão e do ator oportunista vivido por Vladimir Brichta são o respiro cômico do primeiro drama na carreira do cineasta Guel Arraes.
Famoso pelas comédias Lisbela e o Prisioneiro (2003) e O Auto da Compadecida (2000), Arraes uniu forças com Jorge Furtado, de O Homem que Copiava (2003), para criar a inventiva história de amor que celebra o clássico Jules e Jim (1962), de François Truffaut, e Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos de Oliveira, - por quem o diretor não esconde a adoração. Arraes não poupa ironias ao universo da televisão (do qual é cria) e lança uma humorada discussão entre arte e indústria. Mas é no desfecho do caso de Pedro e Ana que a platéia vai ficar vidrada. Terão eles o triste destino de Tristão e Isolda?
Fonte: Istoé Gente
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