''Sou tiete dele, fiquei lisonjeado''
Wagner Moura já tinha outro trabalho quando recebeu convite para viver Pedro
Wagner Moura estava acabando de filmar Tropa de Elite e iniciava as gravações da novela Paraíso Tropical quando recebeu o convite para fazer Romance. Normalmente, teria dito não -"Não gosto de me dividir, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo" -, mas era um convite de Guel Arraes e ele não resistiu.
"Cresci vendo as coisas de Guel. Gravava Armação Ilimitada, não perdia Comédia da Vida Privada. Fiquei lisonjeado de poder participar desse momento que ainda seria diferente na carreira de um artista do qual sou fã." Esse desvio de ritmo era tanto mais atraente porque deveria marcar a passagem do grande diretor de comédias para outro de dramas (e até tragédias).
Se o assunto é tragédia, não dá para entrevistar Wagner Moura sem falar do extraordinário sucesso de seu Hamlet, em cartaz no Teatro Faap, em São Paulo. A peça, programada para encerrar a temporada em outubro, foi prorrogada até 7 de dezembro, faz uma pausa e volta em janeiro, no mesmo teatro. Em março, após o carnaval, Hamlet, com direção de Aderbal Freire-Filho, desembarca no Rio. Wagner reconhece estar fazendo ?o melhor personagem do mundo?. Ele garante que cavucou muito para chegar ao seu Hamlet, que define como latino, vivo, agitado. Da estréia até agora, amadureceu muito e tem entendido cada vez mais as densidades e sutilezas, a própria profundidade da peça.
"Experimento cada vez mais o prazer das palavras de Shakespeare e isso enriquece muito o ator."
O ano que vem será integralmente dedicado ao teatro - e a Hamlet. Nada de televisão, mas Wagner está comprometido com dois projetos de filmes. Um deles é Vips, de Tonico Melo, e o outro talvez excite ainda mais a imaginação do leitor/espectador. Wagner vai fazer a seqüência de Tropa de Elite.
"Tivemos um encontro, José Padilha (diretor), Lula Carvalho (fotógrafo), Marcos Prado (produtor), Bráulio Mantovani (roteirista), Daniel Rezende (montador) e eu. Chegamos à conclusão de que não poderíamos desperdiçar a oportunidade."
Ele ainda não tem detalhes do roteiro nem sabe se o mítico Capitão Nascimento continuará sendo o protagonista da história, mas apóia a decisão de Padilha de voltar à essência do livro Elite da Tropa, de Luiz Eduardo Soares.
"A segunda parte trata da relação entre polícia e poder público e isso é muito atual."
Você talvez não saiba, mas Wagner integra com Letícia Sabatella, sua parceira em Romance, de um grupo que milita por direitos humanos no Rio. Ele consegue ser artista, cidadão, pai de família. É movido a entusiasmo.
"O estilo de Guel normalmente exige muito do ator e aqui mais ainda, porque ele próprio estava mudando." Como ator, Wagner gosta de investir na emoção. Foi assim, no começo, no seu Hamlet. Só agora ele consegue ser mais reflexivo. Ao falar de amor romântico, Guel também investe na emoção, mas seu método - controlado, cerebral, em que o texto é sagrado e precisa ser seguido - foi um desafio e tanto.
"Tenho muito orgulho de ter feito Romance", diz o ator
Fonte: Estadão
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