Tropa de Elite mobiliza Festival de Berlim
Filme teve tradução simultânea em fones de ouvido, diminuindo impacto dos diálogos; coletiva com Padilha lotou
"Tropa de Elite" virou "The Elite Squad" na Berlinale. E as tiradas que tornaram o Capitão Nascimento um dos personagens mais citados da história do cinema brasileiro acabaram caindo numa geléia geral da narração que acompanhou o filme durante a sessão para a imprensa, que começou às 9h da manhã de ontem em Berlim e se seguiu a uma animada coletiva de imprensa da equipe do filme.
A imprensa não se empolgou, mas tampouco vaiou o filme dirigido por José Padilha (que comparece ao festival acompanhado de Wagner Moura, Maria Ribeiro, o diretor de fotografia Lula Carvalho e o produtor Marcos Prado) que compete ao Urso de Ouro. Houve quem não entendesse muito bem os diálogos. Não só porque bordões como "pede para sair" e "o senhor é moleque, seu 06" não têm a mínima graça e ironia em inglês, mas porque o filme foi exibido com legendas em alemão e narrado para a imprensa (que podia "ouvir" na língua que escolhesse usando os tradicionais fones de tradução simultânea).
"O início é muito difícil. O capitão narra muita coisa. E ao mesmo tempo a ação acontece. Fora que em inglês foi narrado por uma mulher. Um filme em que os personagens masculinos são tão fortes ser narrado por uma voz feminina faz com que perca um pouco da força", disse um jornalista britânico.
A coletiva de imprensa foi acalorada. Padilha praticamente falou pela equipe e afirmou não ter idéia de como espera que o filme seja recebido. "Há coisas que a gente não controla na vida. Uma delas é como seu filme vai ser recebido. Eu acho que vai ser visto, de qualquer forma, de um jeito diferente porque aqui na Europa o background cultural das pessoas é outro. E é uma realidade distante da nossa, no Brasil. Acho que vai ser visto mais como um filme, que é mesmo, e não como um assunto que deu margem a tanta discussão, como deu no Brasil", comentou o diretor, que exibe o longa-metragem pela primeira vez no exterior.
Seja como for, a acolhida da imprensa em Berlim foi positiva. Padilha e equipe foram bombardeados com as questões sobre a realidade de filmar numa favela, a legalização do consumo de drogas, a violência da guerra do tráfico, o ponto de vista de um policial e, claro, a pirataria fenomenal que envolveu o lançamento no Brasil.
Fonte: Agência Estado
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