Estréia "Tropa de Elite" tem lançamento antecipado no Rio e SP
No meio de setembro, "Tropa de Elite" chegou a ter uma estréia-relâmpago em Jundiaí, numa única sala e horário. O objetivo foi credenciar-se para concorrer à indicação para representar o Brasil na disputa de uma das cinco vagas no Oscar de filme estrangeiro. Mas o representante brasileiro acabou sendo "O Ano em que meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger.
Com a estréia comercial em grande escala, começa o grande desafio para o filme. Não se sabe ainda qual o impacto que terá na bilheteria a circulação pelo país de um número estimado pelo próprio diretor Padilha em 1 milhão de cópias piratas de "Tropa de Elite".
O roteiro de "Tropa de Elite" foi escrito pelo diretor José Padilha e também por Bráulio Mantovani (de "Cidade de Deus").
No filme, cria-se uma história fictícia, ambientada em 1997, quando se preparava uma nova visita do Papa João Paulo 2o ao Brasil. O protagonista é o capitão Nascimento (Wagner Moura), um policial que acredita no seu trabalho e tem a chance de uma promoção. Para comandar uma operação de "limpeza" de criminosos, Nascimento passa a chefiar a tropa que sobe o morro e fica cara a cara com os traficantes.
O filme apresenta uma visão bastante radical e até negativa do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Mostra que, quando o batalhão sobe, a polícia convencional sai. O Bope só entra em ação para matar, como diz a letra de seu macabro hino de guerra: "Homem de preto, qual é a sua missão? É invadir favela, é deixar corpo no chão." O treinamento de seus integrantes não fica atrás em sadismo. Muitos desistem antes do final, sendo brutalizados e humilhados na saída.
Para o controle dos morros, os integrantes do Bope valem-se inclusive de espancamentos e torturas. O procedimento mais comum é o quase sufocamento dos suspeitos com um saco plástico, para que revelem os paradeiros de seus chefes.
Ao mesmo tempo em que aumenta a violência de seus métodos, aumenta a crise pessoal de Nascimento. Afetado pela insônia e pela síndrome do pânico, ele toma remédios e apresenta um comportamento cada vez mais instável. Nem por isso seus superiores concordam em substituí-lo.
Um processo semelhante de brutalização atinge policiais sob seu comando, como Neto (Caio Junqueira) e André (André Ramiro).
"Tropa de Elite" toca em muitos temas explosivos: violência policial; a criação de uma elite ainda mais violenta dentro do Bope; a suposta conivência das ONGs com o tráfico para poderem instalar-se nas favelas e realizar ali um trabalho social; e até uma alegada cumplicidade da classe média com a exploração de crianças da favela, a partir do momento em que consome drogas no asfalto.
Todos esses assuntos já haviam sido de algum modo abordados antes pelo cinema brasileiro recente, em filmes como "Cidade de Deus", "Quase Dois Irmãos", "É Proibido Proibir" e o documentário "Notícias de uma Guerra Particular", entre outros. Mas nenhum, até agora, tinha tido tanto impacto.
Fonte: CineWeb
Fotos: Divulgação
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