Festival do Rio começa com discurso antipirataria e campanha para Oscar
O Festival do Rio começou na noite de quinta com a exibição do longa brasileiro "Tropa de Elite", discurso antipirataria audiovisual e campanha de bastidores para levar o filme de José Padilha ao Oscar.
Previsto para estrear no próximo dia 12, "Tropa de Elite" tem uma versão preliminar, com pequenas diferenças em relação à final, sendo vendida em cópias ilegais em DVD desde o mês passado.
"Dedicamos este festival à luta contra a pirataria, que é crime organizado", disse Walkiria Barbosa, diretora da mostra carioca, no discurso inaugural da noite, no Cine Odeon.
"Esta bandeira tem que ser levantada por todos nós que estamos nesta sala", afirmou, para uma platéia lotada, em cuja primeira fila estava o secretário do Audiovisual, Orlando Senna.
Senna, que, em entrevista à Folha, defendeu a revisão da legislação brasileira sobre direitos autorais e afirmou que a questão tem sido tratada no país "a partir de parâmetros que estão deixando de existir", subiu ao palco em seguida e não tocou no assunto. "Estou aqui apenas para ratificar o apoio da Secretaria do Audiovisual, do Ministério da Cultura e do governo federal a esse magnífico festival", disse.
Padilha, por sua vez, pediu que levantassem a mão os que viram o filme em DVD. Como nenhum braço foi erguido, ele sorriu e disse: "Ótimo! Platéia fresca". Minutos antes, o público, inquieto com o atraso na abertura da sala e no início da sessão (marcada para 20h30, teve início às 21h44), havia gritado: "Chama o Bope!".
O Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM do Rio de Janeiro é o tema do longa. Mas o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, que acompanhou a sessão ao lado da equipe, ressaltou outro aspecto do filme.
Para Beltrame, "Tropa de Elite" deixa claro que "as mesmas pessoas que fomentam o tráfico são as que pedem punição". Por isso, o secretário achou que "o Brasil e a produção cinematográfica estão de parabéns".
Já o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, que é co-roteirista de "Tropa de Elite" e em cuja experiência se baseia a história do personagem Nascimento (Wagner Moura), fez elogios à administração Beltrame. "O maior câncer da polícia é a sua politização. Estamos passando pelo maior processo de despolitização da PM do Rio nos últimos 20 anos", afirmou.
Cercado pela imprensa após a sessão, Wagner Moura estranhou uma das perguntas, sobre o suposto heroísmo de seu personagem.
"Tenho muito medo de estarmos precisando de heróis assim. Acho estranho a gente se perguntar se a polícia que tortura é legal. Não é."
Disputa
Ainda no palco, Padilha fez um agradecimento especial ao distribuidor norte-americano Harvey Weinstein, por ter lhe dado "a honra de ter vindo". O selo Weinstein Company lançará "Tropa de Elite" fora da América Latina. A presença do executivo no Festival do Rio é sinal de seu interesse em repetir o sucesso de "Cidade de Deus" (quatro indicações ao Oscar), que ele lançou internacionalmente, pela Miramax.
A Secretaria do Audiovisual anuncia na próxima quarta o filme que indicará à Academia de Hollywood para a disputa pelo Oscar estrangeiro. Entre os 14 candidatos já inscritos, "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, rivaliza com "Tropa de Elite" em expectativa por sucesso no Oscar.
Exibido no Festival de Berlim, em fevereiro passado, o longa de Hamburger --que usa a Copa de 70, a ditadura militar e a colônia judaica paulistana como pano de fundo para a história de um garoto que sonha ser jogador de futebol-- foi acolhido com simpatia pela imprensa norte-americana e tem lançamento previsto nos EUA para o fim deste ano.
Fonte: Folha Online
Comentários
Postar um comentário