Gilberto Braga revela que a próxima novela das 8, Paraíso Tropical, terá o Brasil do bem contra o Brasil do mal





O autor Gilberto Braga está de volta ao bairro de Copacabana. O lugar onde viveu dos 10 aos 30 anos e onde tem raízes é cenário de Paraíso Tropical, novela sua que estréia dia 5 de março, às 21h, na Globo, para substituir Páginas da Vida. Sai o cotidiano classe média alta de Manoel Carlos, entra o clichê do bem contra o mal. É sua segunda novela em Copacabana, pois os personagens de Dancing Days, de 1978, que revelou Glória Pires, aos 14 anos, viviam lá. Em quase três décadas, o bairro mudou muito, como conta Gilberto Braga, por e-mail.

Qual Rio de Janeiro veremos na novela?

O Rio maravilhoso, a cidade mais bela do mundo, e o Rio complicado, cheio de problemas. É nossa cidade, nosso País e não gostaria de morar em outro lugar.

O que diferencia suas duas novelas passadas em Copacabana?

Em Dancing Days, o bairro apareceu menos porque a TV não tinha os recursos de hoje. Por isso, a discoteca ficou mais marcante. Nesse sentido - o pano de fundo - a novela é autoral.

O que mudou no bairro desde Dancing Days?

O Brasil empobreceu e Copacabana, com ele. Mas veio a ciclovia, o movimento na orla, a onda da saúde, gente correndo e passeando na calçada. Moro em Ipanema e ando muito de bicicleta. E me considero um privilegiado por morar no lugar mais bonito do mundo. Copacabana é o supra-sumo da glória. Tem prostitutas, ladrões, camelôs, bagunça, mas que cidade grande não tem esses problemas? Estocolmo, aonde já fui, é uma que não tem. Mas é um pouco sem graça, bonita, mas sem graça.

Como será Paraíso Tropical?

É, ao mesmo tempo, uma novela tradicional - uma clássica história de amor entre Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini)- e uma história bem atual. O carioca Daniel, executivo de um poderoso grupo de hotelaria, vive um romance com Paula , jovem bela e simples do litoral da Bahia. Para impedi-lo de chegar à presidência do grupo, o rival, Olavo (Wagner Moura), arma um golpe que os separa. Daniel descobre a irmã gêmea de Paula, que é mau caráter e se alia a Olavo para eliminar Paula e mandá-lo para a cadeia. No fim, o amor de Paula e Daniel vence. É uma novela sobre o Brasil contemporâneo e a cobiça. A história do Brasil é a história da cobiça do paraíso. De um lado, a praia; do outro, o calçadão, com camelôs, cafetinagem, especulação imobiliária, etc. O Brasil que a gente quer contra o Brasil que a gente tem. Se Celebridade era sobre a fama e a inveja, Paraíso Tropical é sobre o Brasil contemporâneo e a cobiça.

Você prefere novelas de clichês ou de crônica do cotidiano?

De longe, os clichês do folhetim. O clichê é bom, não fosse assim não virava clichê. Um tempero de crônica de costumes é sempre bem-vindo mas gosto, como ensinou a grande Janete Clair, de uma história bem amarrada, dos causos, como diz o Benedito Ruy Barbosa. E também com bastante ação, como fazem Sílvio de Abreu, Agnaldo Silva e Glória Peres. Quando penso nesses colegas, tenho muito orgulho de escrever para televisão.

Como a dicotomia ética/sobrevivência, constante em suas novelas, aparece em Paraíso Tropical?

Está em quase todas as histórias paralelas, mas o que carrega o novelão é a história das gêmeas e do Fábio Assunção. A ética também é discutida na luta do capitalismo selvagem (Olavo) contra a visão do empresário que tem consciência de sua responsabilidade social (Daniel). E mesmo nas duas gêmeas. Baixando a bola, é a luta do bem contra o mal, ou não é?

Que personagens secundários vão seduzir o público?

Há vários. No momento, o mais marcante é Dinorá (Isabela Garcia), que quer ser namoradinha do marido (Marco Ricca) para sempre. É mais criação do Ricardo Linhares que minha, talvez por isso eu goste tanto.

Como foi transformar bonzinhos (Toni Ramos, Wagner Moura, Camila Pitanga, Bruno Gagliasso) em vilões?

Só trabalhei com o Toni numa minissérie (O Primo Basílio, 1986) e sempre quis tê-lo numa novela. Finalmente, consegui, meio por acaso porque pensamos no Antônio Fagundes como Antenor. Mas o Fagundes seria difícil porque Carga Pesada está na grade este ano. Acho que será uma novidade, o Toni, um super ator num papel que as donas de casa não estão nem um pouco acostumadas a vê-lo. Além de ser um homem severo e frio, Antenor tem amantes e se envolve com garotas de programa. Nunca tinha trabalhado com o Wagner Moura e estou apaixonado. Que ator maravilhoso! A Camila Pitanga superou minhas expectativas. Além de achá-la linda, fina e elegante, estou impressionado com seu talento ao fazer uma mulher tão distante do que ela é na vida real.

Como é a rotina de escrever novela?

Acordo meio-dia e raramente consigo ir à ginástica, à natação ou caminhar na praia. Começo lá pelas 16h e termino pelas 3 da manhã. Há e-mails e telefonemas, porque tenho ligação com todos os setores da novela, música, figurino, a direção da emissora. Não tenho tido insônia e estou um pouquinho mais relaxado que na maior parte das novelas. Vamos ver se Paraíso Tropical vai agradar.

Fonte: Jornal da tarde

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