Ele joga nas três
Dá pra se ter uma idéia da popularidade de Wagner Moura especialmente com as mulheres pelas páginas do Orkut que levam seu nome. Só na principal das 12 comunidades dedicadas ao ator, são mais de 2.200 integrantes se derretendo por ele. Para comparar: Fábio Assunção, que já é galã há muito mais tempo, tem seis comunidades em sua homenagem, enquanto o bonitão da vez Cauã Reymond reúne, no maior de seus quatro grupos, 1.387 fãs. Os tópicos de discussão variam de "Além de bom ator, é tudo de bom" a "O que você acha mais atraente no Wagner?". Os comentários: "Talentoso, simpático, carismático, fofo... um chuchu"; "Chama muita atenção, é lindo e interpreta muito bem, é o gostosão"; e "Aquele homem é o genro que minha mãe pediu". Há muito mais.
Mas nem sempre foi assim. Na adolescência, Wagner Moura, nascido há 29 anos em Salvador, estava longe dessa popularidade toda. Na escola, seu apelido era OVNI.
"Ninguém sabia meu nome, eu era muito estranho, andava sozinho"
Sem grandes opções, Wagner, bom aluno, que nunca ficou em recuperação, passou boa parte da adolescência estudando, sem sair de casa.
"Foram três anos em que eu não tinha nem um amigo. Ficava jogando uma bola de tênis na parede, no quarto. A pintura era toda cheia de marcas, mas meu pai não reclamava, entendia minha situação."
O problema começou porque OVNI, acostumado a estudar em escolas públicas do interior da Bahia em que volta e meia entravam cabras nas salas de aula, aterrissou num colégio de elite em Salvador. O pai, militar da reserva, voltava à capital em busca de educação de qualidade, depois de deixar pela segunda vez a cidadezinha de Rodelas, sua terra natal. Na primeira, tinha ido ser porteiro no Rio de Janeiro, numa trajetória de imigrante que Wagner gosta de comparar à do presidente Lula, a quem o ator admira tanto que faz questão de dizer que leva fé na sua reeleição.
"Eu e minha irmã fomos parar num colégio particular com a burguesia da Bahia, que é insuportável, a pior que existe no mundo. Se o povo de Salvador é astral, o mais lindo de todos, a pequena burguesia da Bahia é a mais cafona, a mais preconceituosa, a mais careta. Numa escola onde estudavam esses garotos, eu não me sentia parte daquilo, não conseguia conversar com os meninos, não tinha assunto."
A solução para o estranhamento veio com o teatro. Outra extraterreste da escola, que não por acaso se tornou a melhor amiga de Wagner, apresentou-o ao palco. E com ele vieram colegas diferentes.
"Quando mandavam: Dividam a sala em grupos, eu era sempre o que não tinha grupo, e essa menina também. Então, o grupo era sempre eu e ela. Ficamos superamigos. Ela fazia teatro e me levou para a Casa Via Magia (instituto cultural de Salvador). Aí, minha auto-estima melhorou, pensei: pô, não sou sozinho, tem um bocado de gente parecida comigo."
Apesar da importância que o teatro ganhou em sua vida, na hora de fazer vestibular Wagner pensou em reportagens, investigações, revelações para mudar o mundo.
"Eu gostava de escrever, acreditava muito no jornalismo, tinha um ideal romantizado, de fazer matérias investigativas, de estar nessa dinâmica, antenado."
E assim deixou de lado as Artes Cênicas. Mas só como opção acadêmica. Continuou exercendo a profissão e ganhando a vida como ator. Na Universidade Federal da Bahia, quem era OVNI sentiu-se em casa.
"Foi sensacional na minha vida. Meus melhores amigos são jornalistas. Adorei estudar Jornalismo e as pessoas que conheci. Tinha tudo a ver comigo."
Wagner se formou, trabalhou em redação e montou uma assessoria de imprensa. Mas a carreira de ator deslanchou e ocupava cada vez mais espaço.
Em 2000, saiu da casa dos pais e se mudou de Salvador para o Rio com a montagem de A máquina, de João Falcão. Convicto ator de teatro que se intitula hamletmaníaco de carteirinha, logo desembarcou na telona. Marcou presença em bom número de produções do cinema nacional, com atuações elogiadas e premiadas. Abril despedaçado (2001), As três marias (2002), Deus é brasileiro (2003), O homem do ano (2003), Carandiru (2003), O caminho das nuvens (2003), Nina (2004) e Cidade baixa (2005) compõem seu recheado currículo cinematográfico, com oito filmes em cinco anos.
Na telinha da TV, a mesma coisa: Wagner faz bonito, seja com seu papel em Carga pesada (ele se inspirou num tio, caminhoneiro), seja com Gustavo, que interpreta atualmente em A lua me disse, novela das sete da Rede Globo. O papel, para os padrões globais, não é pouco investimento. O personagem disputa o amor da mocinha na trama; é, sem dúvida, um galã do folhetim. E aí entra em cena uma, digamos, minipolêmica, que gira em torno da estampa do ator. E que também tem reflexos nas suas comunidades de fãs no Orkut.
Com a palavra, uma das autoras de páginas pró-Wagner Moura: "Esta comunidade é dedicada a todas(os) as(os) meninas(os) que passam mal toda vez que vêem o Wagner Moura na televisão, ou em qualquer outro lugar, que já conheciam o trabalho dele bem antes da novela global, que acham esse baiano arretado talentoso demais e que nem ligam quando dizem que ele é feio, que tem mó narigão ou ainda que ele tem cara de pobre... Isso é recalque, minha gente! Ele pode não ser bonito (essa beleza vendida pela mídia), mas é charmoso, fofo demais, tem cara de homem, jeito de homem, e, dá licença, mas eu passo mal com ele!"
Para fazer as fãs passarem mal de vez, basta uma olhada rápida no jeito romântico do galã em carne e osso. Uma semana antes de se mudar para o Rio, Wagner reencontrou uma garota que havia conhecido na faculdade. Era carnaval. Os dois namoraram uma semana e surgiu o impasse: ele estava de malas prontas para a maior mudança da sua vida.
"A gente ficou muito apaixonado e pensou: e agora, como é que faz? E eu chamei: vem comigo! E foi foda: ela é fotógrafa, era assistente do Mario Cravo Neto e largou as coisas todas dela lá e veio. Aí, me ganhou mais ainda", conta, fazendo jus ao "chuchu" que mereceu da internauta.
Wagner e Sandra Delgado estão juntos até hoje. É por essas e outras que não é difícil entender, mesmo debaixo dos disparos recalcados contra seu título de galã, o que é que o baiano tem.
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