'Se nada mudar, matarão um El Chapo e surgirá outro', afirma Wagner Moura

RODRIGO SALEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES 

O ator Wagner Moura junto a sua mulher, Sandra Delgado, na entrada da cerimônia do Globo de Ouro
Uma semana após concorrer ao Globo de Ouro de melhor ator em série dramática por "Narcos" –troféu que ficou para Jon Hamm, de "Mad Men"–, Wagner Moura voltou a Los Angeles.

Agora para divulgar a segunda temporada do seriado, que pode ser uma das últimas para o brasileiro, já que o Pablo Escobar de verdade foi morto pela polícia colombiana em 1993, 18 meses após os eventos retratados no fim do primeiro ano de "Narcos".

"Estou preparado, mas ainda não sabemos se [a morte de Escobar] será nesta temporada", revela Moura. O brasileiro gravou quatro episódios da série e retornou à Colômbia para terminar, até maio, os seis capítulos restantes. Antes disso, encontrou a Folha, no domingo (18). 

Folha - Como foi a experiência no Globo de Ouro?
Wagner Moura - Não estava esperando que "Narcos" fosse ser indicado. Mas foi uma surpresa? Não. A TV está cheia de coisas boas, mas acho que a gente fez uma série muito boa e diferente. Sentei na mesa do Globo de Ouro tranquilo [risos].

Não passa nada diferente na cabeça de alguém que saiu de uma cidade pequena da Bahia se ver indicado em Hollywood?
Claro. Carreguei balde d'água na cabeça em Rodelas. Mas tenho trabalhado para isso. É o prêmio mais importante a que já fui indicado. Kevin Costner veio falar comigo. Muita gente me procurou.

Alguém de quem você é fã?
O diretor de "Juno", Jason Reitman. Ele disse: "A série é demais, e você está foda" [risos]. Respondi: "Também curto seu trabalho. Vamos trocar telefone?" [mais risos].

Já mudou algo já na sua carreira por causa de "Narcos"?
Não. Quando terminar a segunda temporada, vou dirigir "Marighella" no Brasil como planejado. Há pressão para estar mais em Los Angeles, mas não estou nessa. Se Jason Reitman me chamar para um filme, vou na hora.

Qual a grande diferença na nova temporada de "Narcos"?
Será mais focada nos protagonistas. Tata [Escobar, vivida pela mexicana Paulina Gaitán] terá mais destaque. É sobre Pablo fugindo e tentando manter a normalidade quando todos querem matá-lo.

Considera a indicação um "tapa na cara" porque reclamaram do seu sotaque no Brasil?
Sei o que fiz e tenho segurança. Não comecei ontem nesta parada, entendeu? Com indicação ou sem indicação, estou tranquilo. Fiz um trabalho maneiro e estou feliz com ele. Acho que podemos discutir Brasil, mas não sei se quero chegar a esse ponto. Estamos num momento no país em que nada pode dar muito certo hoje em dia. Sempre tivemos esse sentimento, mas hoje está mais presente que nunca. Ao mesmo tempo, sei que muita gente torceu por mim. Teve uma torcida que falou: "Esse cara é brasileiro, aprendeu uma língua, foi indicado ao Globo de Ouro e é nosso". Isso é o que vale.

Leu a entrevista de Sean Penn com o traficante El Chapo?
Não. Fui surpreendido porque saiu no dia do Globo de Ouro e várias perguntas ali foram sobre isso. Fiquei tão chocado como qualquer um. 

Acha que o artista pode se colocar no papel de um jornalista?
Acho que pode. Sean Penn pode fazer o que quiser. Tem um limite que o artista precisa responder, claro. Lembro que [o cineasta] João Moreira Salles, quando ajudou o [traficante] Marcinho VP, foi bastante criticado [Salles teria oferecido pagamento em troca da produção de um livro biográfico sobre o traficante]. É uma fronteira bastante delicada. Não julgo nenhum artista que vai a fundo para entender alguma coisa ou fazer sua arte. Particularmente, não me encontraria com um criminoso procurado.

Por quê? Receio pessoal?
Sim. Não quero me envolver com um cara procurado pela Justiça. Tenho certeza de que El Chapo é maneiro para a família e os amigos. O fato de ser responsável pela morte de muita gente não significa que não seja um ser humano complexo. Mas não me envolveria.

Acha que "Narcos" influenciou El Chapo a se aproximar de artistas para fazer um filme sobre a vida do traficante?
Acho que devem ter visto "Narcos", sim. Esses caras têm Netflix. E, no mundo criminal, El Chapo é o traficante mais conhecido depois de Pablo Escobar. Não sei, estou apenas especulando. No entanto, há algo mais profundo sobre isso. El Chapo foi preso, não sei quantas pessoas mortas em Sinaloa e Juaréz... Enquanto a política em relação às drogas não mudar, isso não vai acabar nunca. Vão matar um El Chapo e surgirá outro. Nada vai mudar e as pessoas vão continuar morrendo em países periféricos, produtores e exportadores de drogas. A política antidrogas que vem dos Estados Unidos é comprovadamente um fracasso e tem levado muitos jovens da América Latina à morte. 


Comentários

  1. Wagner Moura que decepção meu caro. É triste saber que o Sr. se vendeu para o PT, afinal seu interesse é outro: defender os R$1.5 milhões que recebeu do governo para financiar uma peça teatral rsrs. É isso o PT paga caro para quem decide apoiar sua seu jogo sujo e corrupto. Acorda meu caro, estamos na maior facção criminosa já vista nesse país. E para arejar seu ideal político, que andas muito fraco, leia o texto abaixo:

    "O pobre não entrava na faculdade. O que o PT fez? Investiu na Educação? Não, tornou a prova mais fácil.Mesmo assim, os negros continuaram a não conseguir entrar na faculdade. O que o PT fez? Melhorou a qualidade do ensino médio? Não, destinou 30% das vagas nas universidades públicas aos negros. Querendo dizer que eles não tem capacidade. O analfabetismo era grande. O que o PT fez? Incentivou a leitura? Não, passou a considerar como alfabetizado quem sabe escrever o próprio nome.A pobreza era grande. O que o PT fez? Investiu em empregos e incentivos à produção e ao empreendedorismo? Não. Baixou a linha da pobreza e passou a considerar classe média quem ganha R$300,00. O desemprego era pleno. O que o PT fez? Deu emprego? Não. Passou a considerar como empregado quem recebe o bolsa família ou não procura emprego.A saúde estava muito ruim. O que o PT fez? Investiu em hospitais e em infraestrutura de saúde, criou mais cursos na área de medicina? Não. Importou um monte de cubanos que sequer fizeram a prova para comprovar sua eficiência e que aparentemente nem médicos são. (Um já foi identificado como capitão do exército cubano)Alguém ainda duvida que esse governo é uma tremenda mentira?
    (TEXTO DE JOÃO ALVES )"

    E pra reforçar o texto acima - hoje temos mais de 10 milhões desempregados sem falar em cortes de mais de 6 bilhões na precária Saúde e Educação!! Ainda milhares de empresas fechando as portas indo a falência!! É meu caro acho que o Sr. é do tipo fácil de se enganar, do tipo que acredita em papai noel, do tipo que sempre acreditou que o PT um dia se preocupou com a nação. Hoje a verdade vem à tona, porém muitos cegos como VC ainda continuam a não enxergar os fatos, a farsa petista de beijar o diabo para se manter no poder. Um dia acordará dessa lavagem petista e descobrirá que foi enganado assim como muitos da sofrida nação.

    Daniel

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