O filho adolescente do Capitão Nascimento

O filho adolescente do Capitão Nascimento

Aos 16 anos, modelo desde os sete e sem nenhuma experiência como ator, Pedro Van Held estreia em Tropa de Elite 2

“Eu cheguei tremendo no set. Começar em um sucesso como Tropa e ao lado de grandes nomes como Wagner Moura não é fácil”

Em 2007, quando Tropa de Elite foi lançado, Pedro Van Held não foi assistir. Tinha 13 anos, e o filme foi recomendado para maiores de 16. Alguns meses depois, pegou o filme na locadora e assistiu em DVD. Ficou chocado com a polícia que viu retratada no longa dirigido por José Padilha. “Eu não sabia que a corrupção era tão grande”, diz. Nesse tempo, que parece muito distante, ele já era um modelo veterano. Fazia parte do cast da agência Army desde os sete anos de idade. Nunca havia pensado em ser ator. No ano passado, a produção de Tropa de Elite 2 começou a procurar o adolescente que viveria Rafael, filho do Capitão Nascimento (Wagner Moura), e contactou a Army. A agência mandou na frente os meninos que já tinham alguma experiência em teatro ou cinema. Nenhum emplacou. Pedro só foi enviado quase no final do processo de seleção, e ganhou o papel.

Desde então, sua vida mudou muito. Em novembro do ano passado, Pedro largou os comerciais e mergulhou no pesado treinamento de Fátima Toledo, que faz preparação de atores de Tropa, e nos treinos de jiu jítsu com o mestre Rickson Gracie. O início foi bem difícil para quem tinha como experiência de ator apenas uma peça infantil na escola. “Eu cheguei tremendo no set. Começar em um sucesso como Tropa e ao lado de grandes nomes como Wagner Moura não é fácil não”, diz.

Pedro interpreta um menino mais novo que ele. Seu personagem tem 13 anos, e vive uma relação complicada, misto de admiração e medo, com o pai. Os dois não moram juntos, e só conseguem se aproximar através do jiu-jítsu. A figura de referência para Rafael é a mãe, Rosa, personagem vivido por Maria Ribeiro, que acabou por estabelecer uma relação forte com Pedro. Durante as filmagens, ela estava amamentando Bento, seu filho com Caio Blat. E de certa forma transferiu para o set um pouco do sentimento de mãe. “Ele certamente é talentoso, e, além disso, acho que é um pouco responsabilidade dos atores mais experientes dar assistência aos jovens que estão ingressando na carreira”, diz Maria.

Na vida real, os conflitos retratados em Tropa interessam pouco a Pedro, um típico adolescente, capaz de adorar simultaneamente Nelson Cavaquinho (A Flor e o Espinho é sua música preferida) e o ex-jogador Edmundo, do Vasco, sugestivamente conhecido como “Animal”. Irrequieto, atendeu o celular várias vezes durante a entrevista a VEJA.com, sem perder o fio da meada enquanto discorria sobre sua capacidade de devorar uma caixa de Bis em segundos e a paixão por surfe, remo, e pela Barra da Tijuca.

Com a mesma desenvoltura, fala sobre a família. Seus pais se separaram quando ele era pequeno, e há três anos ele passou a viver com a avó, no Leblon. Tem um irmão gêmeo, que tem necessidades especiais, e outro de 19 anos, com quem tem pouco contato. Está sempre com a mãe, com quem viveu até os 13 anos, mas quase não vê o pai. Sem fazer de nada disso um drama, ele diz que adora ser paparicado por Nice, a empregada da avó, que prepara seu prato preferido: arroz, feijão, carne moída e banana.

Em meio a um dia a dia totalmente normal – escola pela manhã, remo e academia à tarde -, Pedro curte pelo menos uma mudança proporcionada pela participação em Tropa. Ele diz que contou a poucos amigos sua participação no longa, mas atribui a ela um movimento inédito em sua página de relacionamento na internet. “Tem muita gente que eu nem conheço me visitando. Alguns ainda dizem: “Eu não tenho certeza que você é o ator, mas de todo jeito, será que pode me adicionar?“ É engraçado isso”, diverte-se.

Dentro de alguns anos, pensa em prestar vestibular para Direito, ou Artes cênicas ou até mesmo Sociologia. Mas essa história de cinema já o fisgou. Quando fala sobre o futuro, Pedro só sabe que quer seguir a carreira de ator. E, perguntado sobre um sonho, nem piscou:

"Quem sabe um Oscar?"

Fonte: Veja

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