Wagner Moura encarna Hamlet no teatro

Um dos clássicos da dramaturgia, escrito por William Shakespeare no início do século 17, ganha os palcos novamente. Na pele de Wagner Moura, a história de Hamlet, o príncipe dinamarquês em busca de vingança pela morte do pai, está em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo.

Após quase quatro anos distante dos palcos, o ator que se popularizou no cinema como o polêmico Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, e na televisão como o vilão Olavo em Paraíso Tropical, protagoniza a tragédia medieval sob a direção de Aderbal Freire-Filho, com quem trabalhou em sua ultima peça, Dilúvio Em Tempos De Seca, em 2004.

"Se a popularidade que eu tive com outros personagens eu conseguir transferir para o teatro vai ser incrível! Já pensou se todo mundo que viu Tropa de Elite vier assistir Hamlet?", brinca Wagner.

A peça vem sendo produzida desde outubro de 2007 e reflete um grande desejo do ator em retornar aos palcos.

"Estava com muita vontade de voltar ao teatro e a trabalhar com o Aderbal. No palco eu sinto algo que não encontro em nenhum outro canto, me sinto como um sacerdote comandando uma missa. Gosto de voltar para o teatro como eu gosto de voltar para Salvador, como eu gosto de voltar para minha casa", afirma Wagner.

Além de protagonizar o mítico personagem, o ator também assina a produção e a tradução do texto desta nova montagem, ao lado de Aderbal e da professora de inglês norte-americana Bárbara Harrington. Wagner revela que sempre quis montar Hamlet.

"Mas este é um papel que ninguém te convida para fazer, né?! Não existem tantos Hamlets como franquias de Mc Donalds".

De acordo com Aderbal Filho, o texto é uma das mais fiéis traduções de Shakespeare, o que torna a peça poética sem ser rebuscada. É uma tradução para ser dita e não para ser lida, como Shakespeare escreveu, sem nenhuma pretensão literária. Segundo Wagner Moura, o objetivo é mostrar um teatro mais vivo, puro, direto, comunicativo.

"Se em 1.600 Hamlet era popular, disputando público com brigas de urso, porque hoje não seria?"

O texto rouba a cena nesta nova montagem do espetáculo, que apresenta como cenário um palco aberto, com uma área lateral de serviço, e figurinos simples.

"Neste sentido Shakespeare é totalmente ´brechtiniano´. De certa forma, ele antecipou a revolução que Brecht trouxe para o teatro no século 20", completa Wagner.

Hamlet é um dos textos de Shakespeare que mais retrata o processo da dramaturgia. Demonstrando tal metalinguagem, Aderbal Freire leva ao palco um jogo de espelhos, no qual um grupo de teatro encena uma peça dentro de outra peça. Em um determinado momento, o príncipe da Dinamarca age como autor, ator e diretor em uma encenação que tenta revelar a verdade sobre o assassinato de seu pai por seu padrasto, Cláudio, quem ao mesmo tempo rouba-lhe a coroa, a esposa e o herdeiro.

Quem assina a trilha sonora é Rodrigo Amarante, do grupo Los Hermanos. O músico acompanhou os ensaios e compôs músicas inéditas especialmente para o espetáculo, que traduzem um pouco da alma truculenta de Hamlet.

Fonte: Mundo Oi
Texto editado por Andressa Santos

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