Documentário revela bastidores de ‘Hamlet’ com Wagner Moura



Jornalista e mulher do ator, Sandra Delgado registrou a montagem da peça. Filme será exibido no canal a cabo Multishow, em 4 de julho, às 22h45

Wagner Moura deixa para trás, de uma vez, por todas o polêmico Capitão Nascimento e estréia nesta sexta-feira (20) um projeto antigo, sonho que se transformará em realidade no palco do teatro Faap, sob a tutela de Aderbal Freire-Filho: uma nova montagem de “Hamlet”. O espetáculo shakespeariano também serviu de inspiração para Sandra Delgado, jornalista e esposa de Moura, que decidiu filmar os bastidores da peça e fazer o documentário “Além Hamlet”.

Em entrevista ao G1, Sandra conta como acompanhar o marido em todas as etapas do trabalho de ator ajudou-a a compreender melhor essa profissão. E diz que um documentário sobre “Ricardo III”, assinado por Al Pacino, serviu de inspiração para que ela realizasse seu primeiro filme. Leia, abaixo, trechos da entrevista.



O diretor Aderbal Freire-Filho conversa com Wagner Moura enquanto Sandra Delgado filma tudo (Foto: Divulgação)

G1 – Você é fotógrafa. De onde surgiu a idéia de fazer um filme?

Sandra Delgado - Sou jornalista de formação e me voltei para a fotografia. Esse projeto começou paralelamente ao do Wagner, que decidiu montar a peça. Fizemos juntos um curso sobre Shakespeare e vimos vários filmes sobre o assunto. Um deles foi feito pelo Al Pacino, chama-se “Ricardo III – Um ensaio”. É um documentário sobre uma montagem desse espetáculo, no qual ele se mostra preocupado com a falta de compreensão do público, além de falar da montagem e do enredo. Fiquei encantada. Falei para o Wagner que queria fazer um documentário sobre ‘Hamlet’, um sonho antigo dele.

G1 – Como foi o trabalho de filmagem?

Sandra - Fiz um projeto e mostrei para ele [Wagner] e para o Aderbal [Freire-Filho, diretor do espetáculo], que permitiu que eu fizesse o filme. Mas com uma condição: que eu estivesse presente durante todo o processo, que eu me transformasse no olho do grupo. A presença de um documentarista apenas em alguns momentos poderia deixar a situação diferente, os atores inibidos. Ensaio é um momento de erro, é muito delicado, ninguém quer se expor em frente à câmera. A sabedoria dele fez acabar com essas barreiras, me fez ter uma certa invisibilidade entre eles.

G1 – Você teve dificuldades técnicas?

Sandra - Tinha pouca experiência com a câmera e sofri bastante com a captação do som. Sou eu que faço tudo nas filmagens, e não é simples. Além disso, como sou fotógrafa, fazia umas cenas muito rápidas. Filmava um segundo e achava que estava bom, quando precisava de pelo menos oito. Fui aprendendo na prática.

G1 – Acompanhar todo o processo de trabalho do ator te ajudou a entender melhor a profissão do seu marido?

Sandra - Claro, com certeza. Acompanhei esse processo não só do Wagner, mas de todo o elenco, e pude perceber que cada pessoa tem um processo diferente de composição, de aproximação e de soltura. Para mim foi uma escola mesmo. Atores são pessoas muito sensíveis e humildes dentro do processo do teatro. Às vezes fazem tudo e depois têm que desconstruir, porque não era aquele o caminho que deviam tomar.




G1 – Quanto tempo levaram as filmagens?

Sandra - O processo todo levou quatro meses, mas ainda continua. Vou filmar a estréia, estou editando o material ainda. É um filme quase em tempo real.

G1 – O filme vai ser exibido no Multishow. Você pretende lança-lo também em DVD?

Sandra - O projeto sempre foi fazer um documentário, distribuir e tudo. A parceria com o Multishow veio de um contato do Vicente Amorim, que dirigiu o Wagner em “Caminho das nuvens”. Eles pensavam em fazer um making of do espetáculo, aí fechamos que eu faria um programa para eles com o material do meu filme. Mas o programa terá 46 minutos, o filme será um longa.

G1 – O que de mais marcante será retratado no documentário?

Sandra - De uma forma geral, eu vou mostrar todo o processo de dor que faz parte da vida dos atores. Vou mostrar o trabalho do Aderbal, que conta com o espectador para seguir com a história. Um trabalho feito muito em cima do ator, para deixar a marca do ator.

G1 – O Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, fez a trilha do espetáculo. Sabe dizer como ele chegou até ‘Hamlet’?

Sandra - O Wagner é muito fã do Amarante, que por sua vez é muito fã do Aderbal e já tinha falado com ele sobre fazer um trabalho juntos. O Amarante foi uma das grandes aquisições do projeto. Ele fez uma trilha atemporal, que tem muita guitarra.

"Além Hamlet"

Multishow, 4 de julho (sexta-feira), às 22h45.

"Hamlet"

De 20/6 a 28/9 - Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 18h.

Teatro Faap (Rua Alagoas, 903, Consolação), São Paulo.

Tel. (11) 3662-7233 ou (11) 3662-7234.

Ingressos: R$ 80.

Fonte: G1

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